Final - PARTE 2
Se eu idealizei viver em condições dramáticas, meu corpo refletiu meus pensamentos, para mim, da pior maneira. Eu, unicamente, queria que ele parasse de me sabotar, pois, a qualquer ação minha se desencadeava um anseio de desmaio. Não dava para viver assim! Ele, na minha cabeça, devia permanecer forte, enquanto eu sistematicamente o enfraquecia.
Ah! Nem mencionei, este detalhe, mas durante esse "jejum apocalíptico" minha imunidade baixou e gripei. Reestabeleci-me com vitamina C e mel com própolis e, logo depois, gripei outras duas vezes.
Não demorou e a resposta do meu corpo chegou, no domingo, através da balança, engordei 100 gramas! Atônita fiquei e por maior que fosse meu discernimento sobre o porquê de eu ter engordado, preferi abraçar a ignorância. Simplesmente acreditei que, se eu passasse ainda mais privação, eu perderia peso de novo na semana seguinte. Mas, desta vez, meu peso aumentou em 1 quilo. Óbvio, fiquei desesperada, sabia o que havia acontecido, mas não aceitava que meu organismo entrara no modo de sobrevivência.
Aquele foi um domingo trágico, havia chegado ao meu limite e não consegui a resposta que eu demandava. E como foi terrível essa última semana! Comi tão pouco e por duas vezes não tive sequer energia para fazer o meu arroz. Só de chegar perto do fogo comecei a passar mal. Fiquei preocupada, pois, não tinha qualquer alimento pronto (fora de cogitação as barras de alpino) para o consumo, nem uma fruta ou barra de cereal.
Só pensava que se eu caísse poderia bater a cabeça e não haveria nenhum socorro. Imaginar isso me deixou arrasada, seria esse meu fim? E o pior era saber que não havia nada que eu pudesse fazer a respeito. Visto que, a rota de emagrecimento que tracei seria a qualquer custo, não iria parar, por minha vontade, se acontecesse algo mais grave... paciência, eu permaneceria de boca fechada! Claro, até ver aquele um quilo que aumentei.
Foi uma batalha tão importante para decidir quem comandaria meu corpo, o livre-árbitro desejava uma coisa, mas o organismo outra. Aceitei que perdi, o estado de sobrevivência imperou. Resignada, naquela noite de domingo, decidi fazer algo que jamais cogitei: buscar ajuda para "passar fome"! Nunca quis ir a um nutricionista, mas agora eu precisava desse suporte. Tinha que encontrar meios para burlar o mecanismo de defesa que se instaurou no meu corpo.
Para minha surpresa descobri que não poderia marcar um nutricionista diretamente, teria que ser por indicação. Isso não seria nada de mais, a não ser que eu estivesse fugindo, desde 2021, desse encontro. Naquele ano eu fui a um endocrinologista, fiz uma série de exames. Meu interesse era saber sobre meu colesterol e gordura no fígado, pois no final de 2019 eu havia parado de comer fritura de imersão. Estava curiosa para saber se isso trouxe um resultado positivo para as minhas taxas.
Já adianto que elas estavam baixíssimas e não apresentava gordura no fígado. Além desse resultado positivo, apenas a urina, por conta de eu beber muita água, estava excelente. O resto dos exames alterados, por exemplo, a vitamina D em 11 e a glicose em 101. Não vou me estender no meu prontuário, mas deixo registrado que a minha família paterna é toda diabética e que eu passei os 3 anos seguintes me entupindo de açúcar. Sim, nos anos anteriores também, mas, ao menos, eu não tinha a certeza de como estava elevada a minha glicose. E, na verdade, nem dei importância, já que viver sem açúcar seria uma sentença de morte. Eu não conseguiria, mesmo conhecendo todas as complicações da diabetes.
Nesses anos todos, de vida desregrada, carregava apenas dois orgulhos: não beber e fumar. Consegui evitar a hipertensão e os problemas com o colesterol, mas, agora não havia escapatória, teria que lidar com quem sempre esteve a espreita: a diabetes. Sabia que não dava para adiar mais o, inevitável, diagnóstico. Então, pensei pelo lado positivo, se antes era sentença de morte, agora eu posso viver bem em uma dieta restritiva a açúcar, pois estou, há mais de 2 meses, sem consumi-lo.
Consegui marcar a consulta com a endocrinologista para o sábado. Conversando com a médica, tentei ser o mais honesta possível sobre o meu processo, mas, óbvio, omiti as muitas maluquices. Falei que iniciei em outubro, com duas semanas bem difíceis, depois meu apetite desapareceu, que minha dieta era bem restritiva e eu estava muito bem! Nessa última parte uma mentira bem bonita, pois tenho que fazer jus às sábias palavras do Dr. House, que todo mundo mente.
Ao final, a preocupação dela era em me receitar ozempic. Ela perguntou se eu conhecia, confirmei que sim e disse que não tinha interesse, pois eu não tinha condições de comprar e muito menos apetite, então não entendia como aquilo poderia me auxiliar. Ela insistiu que seria muito bom para mim, novamente relutei. Aproveitei e fiz uma nota mental para saber se ozempic queimava gordura, pois era a única explicação dessa insistência em medicar uma pessoa sem vontade de comer com um inibidor de apetite. Sai do consultório com um monte de requisição de exames e o principal a indicação para o nutricionista. Fui logo falar com a recepcionista da clínica e, para minha felicidade, consegui um horário já para terça-feira.
Como em 2021, eu já havia ido ao endocrinologista, sabia que seriam vários exames, então, na sexta, calculei os horários e me alimentei bem para fazê-los, em jejum tradicional, assim que deixasse a consulta. Sem grandes contratempos fiz os exames e, no uber, a caminho do laboratório pesquisei sobre ozempic e confirmei ser um inibidor. Sim, no dia seguinte, me pesei e ganhei mais 1,2 kg, isso só aumentava a urgência de ver a nutricionista.
Terça-feira chegou e fui preparada para a humilhação. Não vou enrolar, a consulta não poderia ter sido melhor, nada do que antecipei aconteceu. Ao invés de ser esculhambada, fui elogiada pela minha determinação de ter cortado: a salsicha, o refrigerante, a fritura e o açúcar. Ela foi muito amável comigo, mas falou que eu encerrasse imediatamente essa minha versão de jejum intermitente. Achei legal que ela não demonizou o jejum, mas falou que ele era feito com todo um acompanhamento. Gostei também que ela compreendeu que era impossível eu estar bem fisicamente, ouvindo que eu comia tão pouco, não poderia fazer sentido.
Foi uma conversa tão boa e naquele dia caiu um pé d'água, alagou a cidade, e com isso ficamos falando por um bom tempo, pois não havia mais ninguém, no horário, para ser atendido. Muito do que ela falou eu já tinha lido, mas era diferente estar ali, com ela reforçando, explicando e me assegurando que eu poderia comer. Ela perguntou quais os itens entravam no meu cardápio e falou das coisas que eu poderia tentar, pois, ela prepararia um plano alimentar. Ela não esqueceu de dizer que, nesse início, eu iria engordar, mas que seria natural e que eu não me preocupasse. Marquei o retorno para fevereiro.
Saí da consulta sem a orientação, de como proceder no jejum que, a princípio, eu tinha ido buscar. Todavia, levava comigo uma nova estratégia, que em nada se assemelhava a definhar, iria me reeducar para comer bem.
Chamei o uber, meti o pé na água suja e voltei para casa. Pensei até em passar logo no supermercado, pois o principal para a dieta eu não tinha, faltava comida! Porém, com o caos na cidade, achei melhor estrear essa nova fase comendo arroz, que me sustentou nessas semanas, só que agora em uma porção generosa e mais tarde comi cuscuz com manteiga.
À noite liguei para minha irmã, contei como tinha sido a consulta. Foi bom poder falar a verdade, pois nas últimas semanas eu só fazia mentir mesmo. Porque, no início, quando eu contava sobre meu progresso, acabava falando da fraqueza que sentia e isso, invariavelmente, desencadeava uma discussão chata sobre os rumos da minha dieta. Não entendia, na época, ela não estar feliz, já que ela sempre quis que eu emagrecesse, só apontava problemas. Então, resolvi a situação assim: se a verdade traz a guerra, a mentira sela a paz!
Acho que já deu, já escrevi o suficiente! Posso depois postar um último texto falando dos efeitos do meu "jejum apocalíptico" nos resultados dos meus exames, contar o início da reeducação alimentar, o FatSecret e sobre a atividade física. Ah! Esqueci de mencionar, na semana da consulta com a nutricionista eu perdi 3,7 kg e nas semanas seguintes: engordei e emagreci, engordei e emagreci, depois só perdi peso!
Desde outubro não tive uma recaída, permaneci firme, mesmo quando não estava forte. Confesso que, hoje, estou vivendo meu sonho de princesa e nada tem a ver com príncipe, mas é finalmente ter forças para enfrentar o mal que impede a minha felicidade.
Não preciso nem esperar o final do processo, pois quando derrotei o açúcar pavimentei o caminho que me levaria até aqui. Quando perdi a batalha pelo meu corpo, conquistei, sem saber, uma das maiores vitórias! Agora é só uma questão de esperar os meses passarem.
Um resumo rápido do processo seria: Lili, como você emagreceu? Respondo, para os conhecidos, assim: através da reeducação alimentar com o auxílio de uma nutricionista e fazendo exercícios. Aqui, em poucas palavras, diria: enlouqueci momentaneamente, perdi a noção do perigo e procurei uma nutricionista.
Um último detalhe, eu amo que há barras de alpino no meu congelador! Toda vez que as vejo sei que não representam mais nada na minha vida. Irei me desfazer delas, eventualmente, mas por enquanto é uma maneira boa de me lembrar que eu venci!
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1132 kcal
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Vet: 45,97g | Eiwit: 72,13g | Kolhy: 109,16g.
Ontbijt: Goiaba, Ovo. Lunch: Óleo de Soja, Natural Tea Chá de Hibisco, Batata Inglesa Cozida, Bisteca de Porco Grelhada. Diner: Natural Tea Chá de Hibisco, Óleo de Soja, Nestlé Aveia em Flocos Grossos, Cuscuz (Cozido), Charque, Quinoa, Sementes de Linhaça, Gergelim, Sementes Chia Secas. Snacks/Andere: Castanhas-do-Pará, Castanhas de Caju. meer...
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3668 kcal
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Activiteit:
Fietsen (Wielrennen) - 1 uur, Rusten - 17 uren, Wandelen (Hiken) - 1 uur, Slapen - 5 uren. meer...
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